O que é a celebração do Corpus Christi
06.Junho.2019

O Catecismo da Igreja Católica (§1407) ensina que “a Eucaristia é o coração; o ápice da vida da Igreja, pois, nela Cristo associa sua Igreja e todos os seus membros a seu sacrifício de louvor e ação de graças”.Sendo assim, o momento mais importante da vida de qualquer comunidade é a celebração da Santa Missa. É por meio da ação litúrgica que se revive o memorial da Paixão de Cristo – a obra de salvação realizada pela Vida, Morte e Ressurreição do Senhor (cf. §1409).
Olhando esses dois parágrafos do Catecismo, já é possível entender a tamanha importância sobre a Solenidade de Corpus Christi e que essa data é muito mais do que um feriado. É o dia de reverenciar o Senhor, presente na Eucaristia, que se faz alimento e meio de salvação para os homens.
Neste blogpost vamos apresentar alguns pontos sobre o que é a celebração do Corpus Christi, seu surgimento e a tradição nos dias de hoje.

A história teve início a partir de uma visão de uma freira
Entre os anos de 1191 e 1192, nasceu em Liège, Bélgica, uma menina chamada Juliana. Quando Juliana tinha cinco anos de idade, ela e a irmã Inês ficaram órfãs e foram confiadas às monjas agostinianas do convento-leprosário de Mont-Cornillon, que cuidaram das irmãs. Ali Juliana sentiu o chamado de Deus e tornou-se uma monja.
Ela era muito inteligente e costumava ler os escritos, em latim, dos padres da Igreja, como Santo Agostinho e São Bernardo. Além disso, ela tinha um dom especial para a contemplação, vivendo de modo particular a presença de Cristo no Sacramento da Eucaristia.
Quando tinha 16 anos de idade, Juliana teve a primeira visão, que se repetiu diversas vezes nas suas adorações eucarísticas. O papa Bento XVI narrou esta visão em uma audiência, no dia 17 de novembro de 2010: “A visão apresentava a lua no seu mais completo esplendor, com uma faixa escura que a atravessava diametralmente. O Senhor levou-a a compreender o significado daquilo que lhe tinha aparecido. A lua simbolizava a vida da Igreja na terra, a linha opaca representava, ao contrário, a ausência de uma festa litúrgica, para cuja instituição se pedia a Juliana que trabalhasse de maneira eficaz: ou seja, uma festa em que os fiéis pudessem adorar a Eucaristia para aumentar a fé, prosperar na prática das virtudes e reparar as ofensas ao Santíssimo Sacramento”.
Durante 20 anos, Juliana manteve essa visão em segredo, confidenciando-a somente a outras duas irmãs fervorosas adoradoras da Eucaristia. Tempos depois, as monjas compartilharam com um estimado sacerdote esta visão, João de Lausanne, que as encorajou a pedir a interpretação de teólogos e escolásticos. Pouco depois, esta visão foi submetida ao juízo dos pastores da Igreja e o bispo de Liège, D. Roberto de Thourotte. Após hesitações iniciais, aceitou a proposta de Santa Juliana e instituiu pela primeira vez a Solenidade de Corpus Christi em sua diocese. Mais tarde, outros bispos fizeram o mesmo, estabelecendo a mesma festa nos territórios confiados a seus cuidados pastorais.
Corpus Christi tornou-se festa da Igreja
A visão que Santa Juliana de Cornillon teve era para todo o mundo. Após ser confirmada como vinda de Deus, o chamado foi assumido primeiramente pela Igreja local. Entretanto, anos mais tarde, ela foi estendida ao mundo inteiro.
Tiago Pantaleão de Troyes foi arquidiácono na diocese de Liège e conheceu Santa Juliana de Cornillon. Anos mais tarde, ele foi escolhido papa, o papa Urbano IV, e, em 11 de agosto de 1264, publicou a bula Transiturus de hoc Mundo instituindo da festa de Corpus Christi para mundo inteiro.
Ele escreveu: “Embora a Eucaristia seja celebrada solenemente todos os dias, na nossa opinião é justo que, pelo menos uma vez por ano, se lhe reserve mais honra e solene memória. Com efeito, as outras coisas que comemoramos, compreendemo-las com o espírito e com a mente, mas não por isso alcançamos a sua presença real. Ao contrário, nesta comemoração sacramental de Cristo, ainda que seja de outra forma, Jesus Cristo está presente no meio de nós na sua própria substância. Com efeito, quando estava prestes a subir ao Céu, Ele disse: ‘Eis que Eu estou convosco todos os dias, até ao fim do mundo’ (Mt 28, 20)”.

O papa Urbano IV também mencionou que na Quinta-feira Santa, dia em que Cristo instituiu a Eucaristia, a Igreja também está ocupada com as celebrações próprias daqueles dias Santos. Por isso, ele instituiu a primeira quinta-feira, após a oitava de Pentecostes, como o dia para celebrar o Corpus Christi. Conta a história que o papa Urbano IV incumbiu a São Tomás de Aquino, que estava com ele quando da promulgação da bula, a missão de compor os textos do ofício litúrgico da festividade.
A tradição nos dias de hoje
Passados quase mil anos, os católicos continuam a celebrar o Corpus Christi. Cada nação e cultura tem suas particularidades, entretanto, todos eles buscam fazer um grande momento de adoração, de procissão e uma festiva celebração Eucarística.
Aqui no Brasil, em grande parte do país, há a cultura de se confeccionar tapetes que ornamentam as igrejas e as ruas que receberão a procissão com o Santíssimo Sacramento. Para a produção destes tapetes, os fiéis usam pó de serragem, areia, borra de café, sal e flores, dentre outros materiais, com tinturas ou não, para poder construir imagens alusivas a Cristo, ao seu Corpo e Sangue e à vida e missão da Igreja.

Essa tradição surgiu no Brasil com a imigração de portugueses. Eles já tinham o costume de ornamentar as ruas para a procissão com o Santíssimo Sacramento. Aos poucos, a tradição foi se incorporando à cultura brasileira e ganhando personalidade própria. Há cidades no Brasil em que a confecção do tapete de Corpus Christi já é uma atração turística, como em Ouro Preto, Minas Gerais.
Sobretudo, não se pode esquecer qual é a celebração principal da data: o Corpo de Cristo. Estes tapetes servem para adornar o caminho que será percorrido pelo Santíssimo Sacramento. Cada diocese e paróquia organiza a transladação de acordo com o costume do lugar, na hora que lhe for mais conveniente. Contudo, a transladação do Santíssimo Sacramento em via pública é um importante momento de exaltar o Senhorio de Jesus, vivo e presente na Eucaristia.
E então, você vai preparar a celebração de Corpus Christi na sua comunidade? Participe dessa solenidade!



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